segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A Grama do Vizinho



Daqui eu posso ver a grama do vizinho,
Posso ver seus pomares e as altas árvores,
Vejo também as plantas que por lá costumam florescer
E comparo com o meu matinho.
Enquanto olho para o meu quintal
Com algumas luzes de natal compradas a alguns anos atrás,
Meus tijolos à mostra, meus chinelos na porta
Um bem-vindo no portal.
Nem o gato preto do vizinho lhe causa algum azar,
Casa vazia, casa silenciosa, uma paz que não sei se vou alcançar.
Vejo seus bens, suas histórias,
E me deparo comparando com as minhas memórias
Meu cachorro vesgo teima em se coçar
Quando me vê, me lambe e começa a pular,
Meu riso cansado encontra os seus olhos
Eu não consigo negar lhe amar.
Eu vejo onde estão as falhas no meu quintal.
No dos outros, quem há de encontrar?
Eles nunca mostram sua real condição e pra quem vê apenas do portão
Não percebe as ervas daninhas, nem o veneno jogado no chão.
Por trás do portão podem esconder-se doloridas lágrimas,
Nunca saberemos o que há do lado de lá,
O lado do vizinho pode ser pura ilusão.
Ele tem um gato lindo, que não lhe dá atenção.
Eu reparo no vizinho
E ele no vizinho dele, neste caso, eu.
Nos invejamos secretamente, cada qual com sua visão aparente
Da vida que o outro leva.
É fácil invejar o vizinho,
Sem saber a história inteira do seu caminho.
Nos entreolhamos e cumprimentamos,
Imagino como é viver do lado de lá do portãozinho.

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